15 de novembro de 2013

Encontro de estudos - parte 10

Texto 14:

Concepções de literatura

Para refletir sobre as concepções de literatura, inicio com os direitos gerais de aprendizagem, previstos no
no Caderno de Formação do PNAIC - "Currículo na alfabetização: concepções e princípios":


A seguir a palavra de alguns estudiosos:

Celso Sisto:
Só se conta bem aquela história que a gente amou, estudou e contou pras paredes, pro teto, pro espelho, pros filhos, até que ela brote dos lábios com veemência, convicção, detalhe e emoção.
(...)
Mas contar bem uma história é também evitar o didatismo e a lição de moral, os esteriótipos da palavra e dos gestos; o maniqueísmo e os preconceitos; o óbvio, o modismo e o lugar comum.
(...)
E é exatamente do fascínio de ler que nasce o fascínio de contar. E contar histórias hoje significa salvar o mundo imaginário. Vivemos, em nosso tempo, o império das imagens, quase sempre gerais, reprodutoras e sem individualidade.
(...)
Quando se conta uma história, começa-se a abrir espaço para o pensamento mágico (Textos e pretextos: sobre a arte de contar histórias).
Lena Lois:
O texto literário é arte, não é pedagogia. Dialoga com a subjetividade, não com a técnica.
Não há nada de errado em utilizar textos de literatura quando tratamos do estudo da língua portuguesa; seria incoerente pensar assim, quando reconhecemos na literatura uma especial manifestação da língua. A ressalva está na tendência a sua pura escolarização. Dar utilidade para o texto literário, antes de permitir o encontro do estudante com a arte, é sabotar o leitor e desconsiderar o papel humanizador que a escola precisa ter (Teoriae prática na formação do leitor: leitura e literatura na sala de aula).
Nelly Novaes Coelho:
(...) acreditamos que a literatura (para crianças ou adultos) precisa urgentemente ser descoberta, muito menos como mero entretenimento (pois deste se encarregam com mais facilidade os meio de comunicação de massa), e muito mais como uma aventura espiritual que engaje o eu em uma experiência rica de vida, inteligência e emoções (Literatura infantil: teoria, análise, didática).
Gládis Kaercher:
Esta concepção (instrumentalista) acredita que a literatura "serve" para enriquecer a linguagem da crianças, que contribui para o aprendizado de novas palavras, que "introduz" este ou aquele conteúdo (se, por exemplo, precisamos estudar os seres vivos em Ciências, por que não aproveitar e "iniciar" esta abordagem por uma "historinha"?) Para resumir, esta perspectiva entende a que a literatura é um instrumento através do qual... (isso, se pensarmos que a literatura existe apenas para este fim). ("E se a historinha não funciona:": sobre paixões e literatura...)
Para a criança,
o ato de ler é uma aventura fascinante, que lhe garante um novo domínio. A fascinação de exercê-lo torna-se ainda maior quando a criança descobre que, através da ficção e da poesia, encontra resposta às suas indagações interiores. Ao defrontar-se com textos de valor estético e cultural, que traduzem o sentido da existência por engendrarem respostas a seus conflitos e emoções, a criança acrescenta um novo estímulo à sua vida (trecho do livro " Literatura e alfabetização: do plano do choro ao plano da ação", organizado por Juracy Saraiva).
Em muitos casos, a escola é o único espaço/lugar em que as crianças terão contato com os textos literários. Portanto, deve assumir a responsabilidade de oferecer-lhes experiências significativas de leitura que privilegiem o modo estético de representar o mundo e de trabalhar a linguagem.

Entendo que
relação com a literatura deve ser basicamente de fruição: cabe desfrutá-la satisfatoria e prazerosamente, livre de excessos de tecnicalidades. O importante é vivenciar a força existencial da representação estética e a beleza da construção do texto e do trabalho com a linguagem (trecho do livro "Português: língua e cultura", de Carlos Faraco).
Essas ideias pressupõem o investimento na construção da autonomia dos alunos, problematizando a condição de simples repetidores de conteúdo e passando à condição de leitores, autores, pesquisadores - críticos e reflexivos -, não só sobre as questões de leitura e de literatura infantil, mas sobre o cotidiano.

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