23 de abril de 2013

Sobre aprendizagem de ortografia



Invariavelmente, quando descobrem que sou professora de português, ou vêm as perguntas: como se escreve tal palavra, em tal caso há crase? ou a timidez: não repara nos erros...

Isso me incomoda.

Primeiro, porque perseguir os usuários (eta, palavrinha danada!) da língua em busca de erros: taí uma coisa que não costumo fazer.

Segundo, porque essas questões trazem uma visão, bastante conservadora, sobre o uso da língua escrita: escrever certo é, apenas, escrever corretamente as palavras.

Procuro valorizar a expressão das ideias, ler o textos, especialmente dos alunos, como leitora e não como caçadora de erros.

Óbvio, meu papel como professora (e não estou usando nenhuma locução adjetiva propositalmente, pois é função dos professores de todas as áreas) é desenvolver nos alunos a habilidade de uso da língua nas diferentes situações, em especial, quando há a exigência da norma padrão - por exemplo, em alguns textos escritos.

E quando se trata de padrão, há  que se considerar a grafia correta das palavras, claro!

E, é justamente, a aprendizagem da ortografia que tem me fascinado nos últimos tempos. 

Porque trabalho com didática da linguagem, no ensino médio curso normal, e preciso ensinar os alunos a ensinar ortografia.

Porque os erros de grafia discriminam - os que erram são motivo de deboche (até nas redes sociais online, espaços em que "falamos") e, por isso, escrevem  menos.

Porque identifico, em textos de alunos do ensino médio,   problemas semelhantes aos  dos textos das crianças dos anos iniciais do ensino fundamental. E sei, por ouvir falar, que na universidade isso, às vezes, se repete.

Alguma coisa não está dando certo no tempo em que os alunos ficam na escola, tendo cinco períodos semanais de língua portuguesa (só para mencionar a disciplina sobre a qual recai toda a culpa pelo erros na  escrita!).

Quem sabe o mito de que se o aluno for leitor será bom produtor de textos. Sim, leitura e escrita andam meio juntas, mas apenas a leitura não garante a escrita. Como diz o professor Artur Gomes de Morais, na obra "Ortografia: ensinar e aprender", "não podemos esperar que eles (os alunos) aprendam ortografia apenas "com o tempo" ou "sozinhos".

Então, o que fazer? como fazer? por que fazer?
A norma ortográfica é uma convenção, uma convenção social e algo cobrado socialmente, portanto a escola precisa assumir o seu ensino e, para fazê-lo, ao invés de repetir as práticas tradicionais (...), o que nos  interessa é, inicialmente, compreender o que da ortografia precisa ser compreendido, que é objeto de reflexão, e o que precisa ser memorizado.
Essa é a fala inicial do professor Artur no vídeo - "Ortografia na sala de aula - parte 1" - a seguir. Esse vídeo, produzido pelo CEEL - UFPE, nos ensina que

Para seguir refletindo sobre a aprendizagem de ortografia: Ortografia na sala de aula - parte 2.

Gostaria de conversar sobre esse tema: como é encaminhada a aprendizagem de ortografia na escola em que atuas?

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  • Atualização (1)
Meu colega Kaue Fructtos Garcia indicou, no Facebook, enquanto conversávamos sobre ensino de ortografia, o artigo de Juremir Machado da Silva, publicado no jornal Correio do Povo, no dia 25/04/2013: Lula, o grande o vencedor.

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